“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”
1 TIMÓTEO 4.16
O nosso corpo é importante para Deus, nós somos um ser integral. Somos um ser biológico, psicológico, social e espiritual: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lucas 2.52). Jesus crescia em sabedoria (área emocional, psicológica), Jesus crescia em estatura (área biológica) e crescia em graça (área espiritual), diante de Deus e dos homens (área social).
Pesquisas confirmam essa realidade. Um estudo publicado por pesquisadores do Francis Schaeffer Institute of Church Leadership Development revela sinais alarmantes com respeito à saúde dos ministros de denominações evangélicas nos Estados Unidos. Dentre os pastores entrevistados:
75% relataram estar extremamente estressados;
90% trabalham entre 55 e 75 horas por semana;
90% se sentem fatigados e exaustos ao final de cada semana;
70% afirmam não serem suficientemente pagos para realizar seu trabalho;
40% relataram sérios conflitos e tensões com algum membro da congregação ao menos uma vez por mês, o que tem causado uma epidemia de doenças emocionais.
Dados Recentes sobre a Saúde Mental dos Pastores
Além dos dados mencionados, outras pesquisas corroboram essa situação preocupante:
No Brasil, uma pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie apontou que cerca de 60% dos pastores brasileiros relatam sintomas de burnout (esgotamento extremo).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 23% das pessoas que exercem profissões de cuidado (incluindo pastores) sofrem de algum tipo de transtorno mental ao longo da vida.
Os 5 Principais Desafios de Saúde Mental dos Pastores
Os tempos atuais assinalam uma verdadeira crise para os ministros e sua saúde. Deparamo-nos com a frustração, o esgotamento, o abandono, a depressão e, em casos extremos, até mesmo com o suicídio. Às vezes, parece que o ministério não é exatamente aquilo que imaginávamos quando atendemos ao chamado! Por que isso acontece?
O ministro convive com várias pressões: espirituais, físicas, emocionais, familiares, eclesiásticas, sociais… e isso pode levar a várias formas de adoecimento. São as chamadas “doenças de pastor”, um risco ocupacional. As cinco principais são:
Síndrome de Burnout: Esgotamento físico, mental e emocional devido ao estresse prolongado no ministério. Sinais incluem cansaço extremo, desmotivação e sentimentos de fracasso.
Depressão: Pode ser desencadeada pelo isolamento, frustração no trabalho ou conflitos com membros da igreja. É importante reconhecer a necessidade de tratamento adequado.
Ansiedade: A pressão constante para atender às expectativas da congregação pode levar a crises de ansiedade e pânico.
Problemas Cardiovasculares: O estresse crônico pode levar ao desenvolvimento de hipertensão e doenças cardíacas.
Problemas de Relacionamento Familiar: O ministério muitas vezes afeta negativamente a relação familiar, levando a divórcios ou a dificuldades na criação dos filhos.
Estratégias para Manter a Saúde Mental no Ministério
Quando falamos sobre saúde mental e emocional, podemos pensar em um conjunto formado por uma torre (a nossa estrutura psicológica) e uma pedra colocada sobre ela (as pressões que suportamos). Se a torre for frágil demais, ou se a pedra for grande demais, a estrutura entrará em colapso. Primeiro aparecerão rachaduras e tremores. E se nada for mudado, todo o conjunto poderá desabar.
Existem alguns passos que todos podemos dar na direção de conquistar e manter uma existência saudável. Eles visarão alcançar e conservar o equilíbrio. Trarão benefício a nós mesmos, às nossas famílias, às nossas congregações e ao nosso ministério. Poderão nos proporcionar uma vida mais longa, feliz e produtiva. Alguns desses passos são:
Busque conhecer a si mesmo. A Bíblia diz que Deus “conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (Salmo 103.14). Entender a si próprio e observar os seus limites são marcas de uma pessoa sábia. Esse conhecimento pode ser alcançado através de meditação, leituras, cursos, testes, mentoria, psicoterapia, feedback, e assim por diante.
Busque um estilo de vida saudável. “Tem cuidado de ti mesmo”, escreveu Paulo a Timóteo (1 Timóteo 4.16). Lembre-se de reservar um dia de descanso, de tirar férias, de consultar o médico (e de tomar os remédios), de viajar, de ter um hobby, de diminuir o ritmo, de dar atenção à família, de alimentar-se bem, de fazer exercícios, e assim por diante.
Priorize o seu relacionamento com Deus. Recordamo-nos das palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). O ministério traz consigo o risco de uma distorção ocupacional: trabalhando para Deus, podemos deixar de trabalhar com Deus. Os momentos devocionais podem prevenir esse mal.
Estabeleça limites claros. Separe tempo para o ministério e tempo pessoal. Ter um dia de folga semanal é essencial para descansar a mente e o corpo.
Crie uma rede de apoio. Pastores também precisam de mentores e colegas com quem possam compartilhar desafios e frustrações. Grupos de pastores podem ser um recurso valioso para apoio emocional e espiritual.
Terapia e Aconselhamento Profissional. Muitas vezes, buscar ajuda de um psicólogo ou terapeuta cristão pode ser necessário para lidar com o estresse e outras dificuldades emocionais.
Centenas de anos atrás, Charles Spurgeon já dizia: “Nosso Deus tornará mais leve o fardo ou mais fortes as costas; diminuirá a necessidade ou aumentará o suprimento”.
Eugene Peterson, em seu livro O Pastor Contemplativo, fala sobre a importância de o pastor cuidar de si mesmo e se refugiar em Deus em meio ao cansaço do ministério: “A verdadeira força vem de um coração descansado no Senhor”.
Conclusão
Sendo assim, para que tenhamos uma vida mental saudável no ministério é necessário cuidar do equilíbrio entre a nossa estrutura psicológica e as pressões que suportamos. Certamente o Senhor almeja a saúde emocional dos ministros cristãos, pois Ele os redimiu com o Seu sangue e os capacitou para a Sua obra. Que Deus nos ajude a alcançar esse objetivo! Ministros mentalmente saudáveis são uma dádiva para a sociedade, um renovo para as suas congregações, um esteio para suas famílias e uma bênção para si mesmos.